domingo, 29 de maio de 2011

Lazer - Carioquinha 2011

O que é?
Uma idéia inicial e um Rio de Janeiro todinho de belezas e atrações para desfrutar. Conhecido no mundo todo como Cidade Maravilhosa, o Rio merece ser visto e aproveitado em cada um de seus metros quadrados. Porque o Rio é único, e é lindo. E não faltam atrações para quem quer passear e conhecer o melhor da cidade.
Mas quem mora na cidade também consegue curtir suas delícias? O Carioquinha chegou para facilitar esse acesso. O objetivo é aproveitar a baixa temporada turística para preparar o morador da cidade para ser um agente divulgador do Rio e de suas belezas. E também oferecer a ele o que a cidade tem melhor a preços mais baixos que os praticados no mercado tradicional de turismo.
Assim nasceu o Carioquinha, sucesso tão grande que chega a 2010, em sua 12.ª edição. Durante toda vigência do projeto, cariocas “da gema” (natural do Rio) ou “do coração” (morador da cidade ou do Grande Rio*) têm direito a descontos e programações especiais oferecidas por pontos e serviços turísticos do Rio de Janeiro.
* Belford Roxo, Duque de Caxias, Guapimirim, Itaboraí, Itaguaí, Japeri, Magé, Mangaratiba, Maricá, Mesquita, Nilópolis, Niterói, Paracambi, Nova Iguaçu, Queimados, São Gonçalo, São João de Meriti, Seropédica e Tanguá.
Como funciona?
A mecânica de funcionamento do Carioquinha é muito simples. Basta apresentar nas bilheterias dos pontos turísticos e atrações cadastradas a carteira de identidade para comprovar sua naturalidade e, se for morador, um comprovante de residência em seu nome.
A promoção é válida para TODOS que NASCERAM ou MORAM na cidade do Rio ou Grande Rio*.
Confira os Pontos Carioquinhas que estão participando este ano e a nossa Agenda Carioca e monte sua programação!
*Belford Roxo, Duque de Caxias, Guapimirim, Itaboraí, Itaguaí, Japeri, Magé, Mangaratiba, Maricá, Mesquita, Nilópolis, Niterói, Paracambi, Nova Iguaçu, Queimados, São Gonçalo, São João de Meriti, Seropédica e Tanguá.

Como Participar

A mecânica de funcionamento do Carioquinha é muito simples. Basta apresentar nas bilheterias dos pontos turísticos e atrações cadastradas a carteira de identidade para comprovar sua naturalidade e, se for morador, um comprovante de residência em seu nome.
A promoção é válida para TODOS que NASCERAM ou MORAM na cidade do Rio ou Grande Rio*.
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site: http://carioquinha.com.br/

Diário do rio: http://diariodorio.com/

Imunoterapia: O impacto médico do século




Imunoterapia: O impacto médico do século
Ricardo Veronesi
MEDICINA DE HOJE – MARÇO DE 1976 

Introdução:

Os modernos conceitos imunológicos e suas implicações na patologia humana  irão acarretar, seguramente, um impacto maior que o causado com o surgimento dos antibióticos nas décadas de 40 e 50. Em verdade, os antibióticos têm seu campo de ação quase que limitado às doenças infecciosas, principalmente as bacterianas, enquanto a imunoterapia específica e inespecífica abrange horizontes bem mais amplos, quase não restando nenhum campo da patologia humana em que a imunologia não tenha maior ou menor participação em seus mecanismos patogênicos. 
  
Doenças infecciosas e parasitárias, neplásicas, degenerativas e doenças auto-imunes têm, todas, uma participação decisiva do sistema imunitário em sua iniciação, evolução, controle e cura ou morte.

              Quase não encontramos especialidade médica que possa, hoje, dispensar os conhecimentos da moderna imunologia para melhor atender os mecanismos íntimos, fundamentais, das doenças.  Infectologia, Cardiologia, Nefrologia, Hepatologia, Gastrenterologia, Cirurgia, Oncologia, Dermatologia, Oftalmologia, Hematologia, Fisiologia, Hansenologia, Nutrição e  Geriatria  são,  entre  outras,  as  especialidades  intimamente  envolvidas  nesses  modernos conceitos  imunológicos.  Os conhecimentos que rapidamente se acumulam nesse setor terão papel importantíssimo na prevenção, correção, limitação, controle ou cura de inúmeras doenças catalogadas  nas  especialidades  mencionadas  sarampo,  rubéola,  herpes  simples  e  zoster, hepatite  por  vírus,  tuberculose,  lepra,  brucelose,  mononucleose,  verrugas,  toxoplasmose, leishmanioses,  blastomicoses,  doença  de  Chagas,  malária,  doença  de  Crohn,  linfomas, carcinomas,  leucemias,  aterosclerose,  artrite  reumatológica,  lúpus  eritematoso,  doenças  auto-imunes  (várias),  candidíase  generalizada  são,  entre  outras,  as  doenças  em  que  se  tem demonstrado  a  possibilidade  de  intervindo  no  setor  imunitário,  curar  ou  impedir  a  sua progressão.

             Para facilitar a compreensão desses conhecimentos, apresentaremos, numa seqüência didática os elementos fundamentais implicados  na  dinâmica  imunológica,  desde  sua  origem, diferenciação  e,  finalmente,  sua  atuação  na  imunopatologia  humana  e  animal,  incluindo  as possibilidades  da  imunoterapia  específica  na  correção  dos  defeitos  imunológicos detectados.         

Origem e diferenciação do sistema imunitário na espécie humana

A origem do sistema imunitário confunde-se com a origem dos primeiros  órgãos linfóides,  constituídos  pelo  timo,  baço,  gânglios  linfáticos  e  tecido  linfóide  intestinal,  órgãos  ou agrupamentos de tecidos que constituem o chamado sistema linfóide. 

            O  timo se  forma à custa do  intestino primitivo, aos 84 dias de embriogênese; o baço e gânglios  linfáticos aos 140 dias; e o  tecido  linfóide  intestinal aos 175 dias. Há uma correlação direta, na filogênese animal, entre o período de gestação e o surgimento do sistema linfóide.

             Acredita-se que a Bolsa de Fabricius, órgão  importante na diferenciação dos  linfócitos nas aves  (e que se encontra  junto à cloaca das mesmas), se  localize, na espécie humana, no tecido linfóide intestinal, placas de Peyer e apêndice.  
             Os elementos celulares (linfócitos) originam-se no embrião humano, nas ilhotas sanguíneas do saco vitelino e do tecido hemopoiético do fígado, enquanto, no adulto, se originam na medula óssea.  A regeneração do tecido linfóide se faz à custa de células indiferenciadas da medula óssea (célula-mãe, totipotente). A diferenciação dos linfócitos se fará no timo  e  nos  folículos  linfóides  do  intestino  e,  através  desse  processamento,  os  linfócitos estarão aptos a participar, por mecanismos diferentes, das  reações  imunológicas  responsáveis pela  homeostase,  vigilância  imunológica  e  equilíbrio  funcional  dos  componentes  do  sistema imunológico  de  defesa  do  organismo.  Esse  sistema  imunológico  repousa,  essencialmente,  na imunidade mediada por células, na imunidade mediada por anticorpos e na atividade fagocitária dos  macrófagos  de  tecido  retículo-histiocitário.  E  através  do  processamento  do  timo  e  no equivalente à bolsa de Fabricius que os linfócitos passam a participar da imunidade mediada por células (linfócitos T ou  timo-processado) ou da  imunidade por anticorpos  (linfócitos B ou bolsa-processado). Ambos os  linfócitos apresentam  íntima  interação através de enzimas  (linfocinas), podendo  tanto estimular como  inibir a ação um do outro. Também,  tanto o  linfócito T como o B atuam sobre os macrófagos desejados, assim como os estimulando em suas várias funções que enumeraremos mais adiante.

             O linfócito timo-processado passa a ser antígeno sensível, especifica  ou inespecificamente,  ocorrendo,  em  função  dessa  sensibilização,  a  chamada  transformação blastóide,  em  que  ocorrem  alterações  estruturais  na  célula,  acompanhadas  de  atividades blásticas  e  síntese  de  RNA  e  DNA.    métodos  de  laboratório  para  detectar  essas transformações  e,  dessa  maneira  diagnosticar  qualquer  defeito,  funcional  ou  estrutural,  dos elementos  Após  a  transformação  blastóide,  o  linfócito  T  se  transforma  no  pequeno  linfócito sensibilizado  que  se  responsabiliza  pela  imunidade  mediada  por  células  e  que  tem  como manifestações fundamentais:
1) Hipersensibilidade retardada (P.P.D., Mitsuda, Montenegro, D. N.C.B. levedurina, etc);
2) Rejeição de enxertos heterólogos;
3) Produção  de  enzimas  atuantes  nos  outros  setores  do  sistema  imunológico  (linfocinas),  tais como S.R.H., granulócitos, linfócitos B e gânglios linfáticos.
 
            Para testar a normalidade funcional do sistema no setor T podemos lançar mão de:
1) Testes cutâneos de hipersensibilidade retardada, tais como reação ao PPD, D.N.C.B. (di-nitro-
coro-benzeno), levedurina, tricofitina, Mitsuda e outros.
2) Estimulação ou desencadeamento da atividade blástica  (transformação blastóide) à custa da fito-hemaglutina  (substância vegetal extraída do  feijão). A atividade blástica pode ser detectada através da síntese de D.N.A. (medida pela captação de timidina títrica H³), ou pela contagem de células em divisão (índice mitótico).
3) Pela  identificação do M.I.F  (Migration-inhibiting  factor) uma substância protéica sintetizada e liberada pelos linfócitos sensibilizado e capaz de inibir a migração dos macrófagos na área onde estão os  linfócitos sensibilizados. O  fator M.I.F. pode ser detectado precocemente  (dentro de 6 horas), antes que se positivem os testes 1 e 2.
4)  Pela  identificação  de  outras  linfocinas.  Existem  mais  de  24  linfocinas  produzidas  pelos linfócitos T.

             Este  linfócito,  à  semelhança  do  linfócito  T,  é  antígeno  sensível,  transformando-se  em contato com o antígeno, em célula blástica  (plasmoblasto), precursora da  linhagem plasmática
(plasmócitos e células da memória). As células da memória da linhagem plasmática (B) como as da  linhagem  linfoblástica (T), são capazes de reter a “imagem antigênica” por muitos anos e de reagir  com  o  antígeno  que  a  sensibiliza.  S  células  da  memória  B  elaboração  anticorpos  ao constatarem  novamente  o  antígeno  (efeito  de  reforços)  e  as  células  da  memória  T  se responsabilizarão  pela  positividade  da  reação  de hipersensibilidade  retardada  e  rejeição  de enxertos quando constatarem novamente o antígeno sensibilizante. 
 
            Os plasmócitos são, por excelência as células produtoras de  imunoglobulinas (IgE,  IgM, IgA, IgD, Ige) que respondem pela imunidade mediada por anticorpos.
             Tanto  a  imunidade  mediada  por  anticorpos  como  a  mediada  por  células  podem  ser benéficas,  favoráveis  ou,  ao  contrário,  maléficas,  prejudiciais,  responsáveis  por  inúmeros processos imunológicos (ex. doenças auto-imunes).
 
            Sistema retículo-endotelial (ou retículo-histiocitário), S.R.H. 
 
Este componente do sistema imunológico é, provavelmente, o mais  importante  dos  três, funcionando,  todavia,  em  intima  interdependência  com  os  sistemas  T  e  B,  que  influem, profundamente, em sua fisiologia através de enzimas por eles elaboradas (linfocinas). Assim, as enzimas  linfocitárias  tanto podem estimular como  inibir o S.R.H.,  influindo no controle,  limitação ou  erradicação  do  processo mórbido,  seja  ele  de  natureza  virótica,  bacteriana,  neoplásica  ou auto-imune.
 
            O sistema R-H é constituído por células macrofagicas dotadas de intensa capacidade de fagocitar,  lisar  e  eliminar  substâncias  estranhas,  quer  vivas  quer  inertes.  A localização do sistema R-H. 

Linfócito B (ou bolsa-processado)

As células macrofagicas se originam de monócito da medula óssea, de onde são lançadas na corrente sangüínea para, finalmente, colonizar os tecidos e órgãos (concentradas principalmente na  pele,  peritônio,  pulmões,  ossos,  sinusóides  hepáticos  (células  de  Kupfer)  (e  sinusóides linfáticos). O macrófago pode ser estacionário  ou  errante.  Todavia  admite-se  que macrófagos estacionários (tissulares) possam migrar através da parede dos sinusóides, tornarem-se, assim, livres e penetrar na região sede do processo inflamatório.

            As principais funções do sistema R-H são:
1) Clearance de partículas estranhas provenientes do sangue ou dos  tecidos  (inclusive células neoplásicas), toxinas e outras substâncias tóxicas.
2) Clearance de esteróides e sua biotransformação.
3) Remoção de microagregados de fibrina e prevenção de coagulação intravascular.
4) Ingestão do antígeno, seu processamento e ulterior entrega aos linfócitos B e T
5) Biotransformação e excreção do colesterol.
6) Metabolismo férrico e formação de bilibirrubina.
7) Metabolismo de proteínas e emoção de proteínas desnaturadas.
8) Destoxificação e metabolismo de drogas.

              Respondendo  por  tantas  e  tão  importantes  funções,  fácil  é  de  se  entender  o  papel desempenhado  pelo  sistema  R-H  no  determinismo  favorável  ou  desfavorável  de  processos mórbidos tão variados como sejam os infecciosos, neoplásicos, degenerativos e auto-imunes. 
Defeitos do sistema imunológico e sua importância na Patologia Humana

             Doenças infecciosas e parasitárias. Quando o organismo humano u animal é agredido por  agentes  infecciosos  ou  parasitários,  é  acionado  o  sistema  imunitário,  em  seus  vários compartimentos,  a  fm  de  destruir  ou  neutralizar  o  agressor.  Tanto a imunidade mediada  por células,  como  a  mediada  por  anticorpos,  complementadas  ao  final  pelos  macrófagos,  são movimentadas  para  impedir  a  ação  patogênica  do  agente  invasor.  Conforme a natureza do agente etiológico, variará o setor mais importante de defesa, ora sendo os anticorpos humorais
(como, por exemplo, o polivírus), ora os anticorpos secretórios (IgA), ora a imuidade mediada por células  complementadas pela fagocitose dos macrófagos e dos micrófagos (polimorfonucleares neutrófilos).

             Além dos anticorpos, são movimentados outros elementos humorais com capacidade de neutralizar os vírus ou, indiretamente, favorecer u auxiliar a ação dos elementos de defesa do sistema  imunitário.  Assim, são produzidas, pelos linfócitos T, 24 linfocinas, entre elas e interferon, o M.I.F. as linfotoxinas, a IgA.

Certos vírus não são destruídos pelos anticorpos humorais, mesmo em grande quantidade  no  sangue. Desse modo,  na  síndrome  da  rubéola  congênita,  a  despeito  de  títulos protetores de anticorpos anti-rubéola no sangue, o vírus rubeólico é isolado do sangue, humores e  tecidos. Esta é uma demonstração  inequívoca de que a  imunidade mediada por anticorpos é insuficiente,  no  caso,  para  erradicar  o  agente  patogênico.  Tais  indivíduos  apresentam  um “defeito”  imunológico  no  setor  dos  linfócitos  T,  diagnosticados  pelos  testes  que  descrevemos.
Através da correção do “defeito”, os macrófagos são ativados e a fagocitose é estimulada, destruindo  o  vírus. O mesmo  fenômeno  se  observa  na  panencefalite  subaguda  esclerosante, onde o patógeno parece ser o vírus do sarampo, persistente no S.N.C., em conseqüência de um “defeito” no setor T-RH. Através da imunoestimulação ou de introdução de fator de transferência nesses  indivíduos, a evolução da doença poderá ser bloqueada. No herpes simples  recidivante (labial ou genital)  também os  testes  imunológicos detectam  “defeito” no setor T-H, enquanto o setor B permanece  funcionalmente perfeito (formação de anticorpos humorais). A literatura está cheia de observações de curas de herpes recidivante pelo tratamento com imunoestimulante do tipo de Levamisole-tetramisole. Igualmente se beneficia desse tratamento o herpes-zoster.
 
            Como o tratamento imunoterápico ativo sempre  leva mais de quatro semanas para ser eficaz, é  indicado o  tratamento antiviral específico  (quando disponível) enquanto se aguarda o efeito de imunoestimulador. Assim, a Cytarabina está indicada como substância antiviral na fase aguda do herpes, quer simples quer do zoster. 

             Hepatite  por  vírus:  Existem  muitas  observações  de  que  a  persistência  do  vírus  da hepatite do tipo B (HAg ou antígeno Au) é responsável pelo quadro de hepatite crônica agressiva que conduz, finalmente, a um quadro de Cirrose hepática. A persistência do antígeno HBAg seria condicionada por um defeito no setor T-RH, defeito este que poderá ser  remediado através de imunoestimulação ou inoculação de F.T. Também o defeito no setor T condicionaria uma menor inibição  dos  linfócitos  B  e,  consequentemente  uma  maior  produção  de  auto-anticorpos responsáveis pelo mecanismo de auto-agressividade da entidade. 

            Verrugas  por  vírus: É  uma  virose  cutânea  causada  pelos  papovavírus  e  caracterizada pelas  recidivas  freqüentes  e  curas,  espontâneas  ou  com  auxílio  de  “benzeduras”,  amuletos  e “rezas”. A persistência ou  recrudescência do  vírus  também está condicionada a um defeito no setor T-RH 

             Através  da  imunoestimulação  com  drogas  do  tipo  Levamisole-tetramisole,  têm  sido curados,  em  quatro  a  seis  semanas,  esses  tipos  de  verrugas.  A  recidiva  é  evitada  pelo prolongamento  da  imunoestimulação  (12  meses)  ou  pela  correção  do  defeito  fundamental (imunodepressão  endógena  ou  exógena:  por  drogas,  por  fatores  psíquicos  (depressões),  por fatores estressantes, velhice, etc). 

             Toxoplasmose: Tomando a toxoplasmose como modelo, podemos, por extensão, extrapolar as experiências que já se fizeram com esta doença para outras entidades infecciosas ou  parasitárias  em  que  os  mecanismos  imunopatogênicos  fundamentais  são  semelhantes.
Assim, sabe-se, por experiências em animais de laboratório, que o toxoplasma gondii se assesta e se  reproduz no  interior de células  retículo-histiocitárias, graças à elaboração de uma enzima que impede a união do fagossoma com o lisossoma, união esta indispensável para que ocorra a fagocitose e  lise dos organismos  intracelulares. Todavia, através de  imunoestimulação nos  três setores T. B e R:H, ocorre à fusão das organelas e o T gondii é fagocitado mais intensamente e lisado  pelo  macrófago.  Explica-se,  assim,  o  porquê  do  surgimento  de  toxoplasmose  em
imunodeprimidos  (por  neoplasias,  corticosteróides,  gravidez,  drogas,  fatores  genéticos,  etc.)  e abrem-se  novos  horizontes  terapêuticos  pela  associação  de  quimioterápicos  a  imunoterapia estimulante inespecífica. 

             Hanseníase: Sempre constitui uma curiosidade científica o conhecimento dos fatores determinantes das várias formas de hanseníase.  Por que as grandes maiorias dos indivíduos   que entram em contato com o M-leprae são apenas infectadas e desenvolvem sólida imunidade, principalmente relacionada à imunidade mediada por células? Por que uma ínfima minoria contrai a doença e apenas uma pequena parcela é  vítima da  temível  lepra   lepromatosa, contagiante, mutilante,  resistente  aos  quimioterápicos,  enquanto  a  outra  parte  contraí  a  lepra  tuberculóide, benigna, não contagiante? 

            Sabe-se, hoje, que os fatores determinantes estão subordinados ao sistema imunológico e que a  forma L-L (virchowiana) é condicionada à presença, no soro de  tais  indivíduos, de uma enzima inibidora da transformação blastóide dos linfócitos T. Tal inibição impede a elaboração de linfocinas que estimulam o sistema macrofágico (R: H) e,  igualmente, a  imunidade mediada por células  (tais  indivíduos  são  Mitsuda-negativos).  Tornou-se,  assim,  possível  à  cura  ou bloqueamento  da  evolução  da  lepra  lepromatosa  pela  imunoestimulação  ativa,  inespecífica através  do  BCG,  levamisole-tetramisole,  e  outros,  ou,  ainda,  pela  inoculação  do  fator  de transferência, capaz de  reverter à positividade os  testes de hipersensibilidade  retardada, antes negativa. 

            Os modelos mencionados (lepra e toxoplasmose) podem ser extrapolados para inúmeras doenças  infecciosas  e  parasitárias,  tais  como:  leishmanioses,  tripanosomíase  americana (doença de Chagas), blastomicoses, malária,  tuberculose, esquistossomose, brucelose,  linfoma de Burkitt. 

            O mecanismo imunitário de defesa é comum a todas essas doenças, apenas variando a natureza e composição antigênica do patógeno.  Através de uma combinação ou alternância adequada de quimioterápicos e imunoestimulantes, poderá o médico, no futuro, vislumbrar perspectivas mais otimistas para doenças infecciosas e parasitárias, até então de difícil ou nenhum tratamento eficaz. 

Doenças Malignas: 

A  imunidade  mediada  por  células  está  “defeituosa”  na  maioria  dos  indivíduos  com doenças  neplásicas,  sendo  o  defeito reversível  pela  inoculação  de  fator  de  transferência  ou
imunoestimulação, específica ou inespecífica. 

O “defeito” imunológico pode ser primário, isto é, transmitido pelo código de genética, ou secundário, em conseqüência de fatores imunodepressores, endógenos ou exógenos. 

             A  favor  do  “defeito”  primário  falam  as  observações  de  famílias  com  vários  casos  de leucemia, câncer, linfomas, etc. 

             Os fatores secundários podem ser encontrados em drogas imunodepressoras, radioterapia, stress psíquico (depressões),l subnutrição, velhice, gravidez, etc. 

             A  localização  do  “defeito”  está,  fundamentalmente,  no  setor  T-R:H,  conforme  o demonstram os testes imunológicos. 

             A  imunoestimulação  antineoplásica  pode  ser  específica  ou  inespecífica.  A imunoestimulação  antineoplásica  específica  se  faz  à  custa  da  própria  massa  tumoral  do hospedeiro  que  poderá  ser,  inclusive, marcada  com  radioisótopos  de  atividade  anti-humoral  e com tropismo especial para o órgão afetado. 

             A  imunoestimulação  antineoplásica  inespecífica  se  faz  à  custa  de  antígenos  de composição  antigênica  diferente  da  tumoral, mas  que  atuam  pelo  estímulo  da  fagocitose  pelo sistema R: H. Estes  fagocitam e  lisam,  indistintamente, as substâncias estranhas que  ingerem, inclusive as células neoplásicas. 
             O  engolfamento  das  células  neoplásicas  poderá  ser  facilitado  pelas  opsoninas, imunoglobulinas que parecem ter seu papel ressuscitado na atualidade, juntamente com a nova conceituação imunológica das doenças.

              As primeiras indicações, convincentes, do papel da imunidade nas doenças malignas foram  oferecidas  pela  observação  de  uma  significativa  baixa  de  incidência  de  leucemia  em crianças  vacinadas  com  BCG,  quando  comparadas  com  as  não  vacinadas  Posteriormente,  a imunoestimulação  passou  a  ser  usada  como  terapêutica  antineoplásica  em  vários  tipos  de neoplasias,  surgindo,  inclusive,  outros  imunoestimulantes  inespecíficos  como  o  Levamisole-tetramisole, o Corynebacterium parvum e outros.  

Hoje, em grandes centros de Oncologia da Europa e dos Estados Unidos, os imunoestimulantes são largamente usados, juntamente com as medidas clássicas antineoplásica (cirurgia,  irradiações,  quimioterapia).  Inclusive,  a  droga  de  escolha  para  o  tratamento  do melanoma  maligno  passou  a  ser  a  imunoestimulação  pelo  BCG,  local  (intralesional)  e/ou sistêmico (intradérmico ou percutâneo) a cada quatro dias, no primeiro mês, e, posteriormente, a cada semana, durante vários meses, espaçando mais as doses após dois meses  (bimensais e mensais). 
 
Em 1975 comparou-se, na Universidade da Califórnia (Divisão de Oncologia), a freqüência de recidivas de melanoma em operados, dos quais um grupo havia recebido, ao acaso, BCG, e o outro grupo, somente cirurgia.  A conclusão foi categórica: a incidência de recidivas de melanoma quase se reduziu a zero entre os vacinados, enquanto permaneceu alta entre os não vacinados. O emprego de Corynebacterium parvum, em substituição ao CG, parece trazer  vantagens,  principalmente  porque  o  C.  parvum  é  inativo,  e  não  se  corre  o  risco  de Becegeite, mormente entre aqueles com intensa imunodepressão.
 
             Além  do  tratamento  das  doenças malignas    declaradas  e,  freqüentemente,  em  grau avançado,  com  metástases  em  vários  órgãos,  poderemos  antecipar  a  imunoestimulação inespecífica  fazendo  uma  imunoprofilaxia  em  todos  aqueles  que,  submetidos  aos  testes imunológicos,  apresentarem  algum  “defeito”  imunológico.  Independentemente da origem do
“defeito” imunológico genético ou adquirido transitória ou permanente, esse indivíduo será declarado sob “alto risco” e candidato, assim, a uma terapêutica corretiva (ativa ou passiva), com duração enquanto os testes indicarem a persistência do “defeito imunológico”.
Concomitantemente, serão  tomadas as medidas profiláticas possíveis para afastar os prováveis agentes  etiológicos  da  imunodepressão  (stress  psíquico,  á  nutrição,  anemia,  drogas  tóxicas, gravidez, etc). 

            Com a ajuda de aparelhos de injeção intradérmico a jato (dermo-jet), poderemos realizar milhares  de  testes  de  hipersensibilidade  retardada,  em  uma  ou  duas  horas,  e  ,  desse modo, levantar  o  estado  imunitário  mediado  por  células  e,  até,  por  anticorpos,  de  várias  entidades mórbidas  e,inespecificamente,  dos  indevidos  sob  “alto  risco”  para  contrair  quaisquer  das doenças  para  as  quais  é  suscetível  e  que  poderão  ser  uma  neoplasia,  uma  leucemia,  uma hanseníase, ou uma das muitas doenças que mencionamos. Caberá ao clínico d  futuro o papel de  diagnosticar  e  corrigir  os  “defeitos  imunológicos”,  inclusive  realizando,  no  consultório,  os testes de hipersensibilidade retardada, agora padronizada e fornecidos em kits. Ao imunologista de  laboratório caberá a  feitura de  testes mais  refinados, como os de  fito-hemaglutina, captação de timidina títrica, formação de rosetas. 

            A imunoestimulação não oferece dificuldades, uma vez que os imunoestimulantes são de fácil manejo  e  os  esquemas  são muito  simples.  Acreditamos  que  em  cursos  de  apenas  seis meses  em  pós-graduação,  os  clínicos  estarão  aptos  a  associar  a  imunoterapia  à  químio  e radioterapia e colher resultados bem melhores que aqueles onde não se associa tal terapêutica.

            O  importante  é  atuar  correta  e  oportunamente,  conforme  o  “momento  imunológico”  da doença, evitando erro imperdoáveis, como os de fazer imunossupressão quando, em realidade,   o que  paciente está necessitando é de imunoestimulação. A oportunidade de tirar o máximo de proveito  da  imunoestimulação  u  da  imunodepressão  também  deve  ser  levada  em  alta consideração. Sabe-se que, enquanto não se reduzir à massa tumoral a menos de 10(6) células neoplásicas, ou leucêmicas, não será eficaz a imunoestimulação, e que é principalmente para as células metastáticas,  localizadas em  redutos  inatingíveis e desconhecidos, que a  imunoterapia tem a  sua grande  indicação. Desse modo,  é necessário,  inicialmente,  realizar  a extirpação  da grande massa tumoral (cirurgia, quimioterapia, irradiações) e, depois, fazer a imunoestimulação.

             Doenças  auto-imunes: Várias  doenças  de  auto-agressão têm  encontrado  na moderna conceituação imunológica explicação, para seus mecanismos imunopatogênicos e, desse modo, vêm  se beneficiando da  terapêutica  imunológica. Num aparente  paradoxo a  imunoestimulação do  setor  T  tem  oferecido  resultados  favoráveis  no  tratamento  das  doenças  tidas  como  auto-imunes como a artrite reumatóide, a ileíte reginal de Crohn e a hepatite crônica agressiva.

                A explicação para tais resultados é dada pela ação inibitória dos linfócitos T sobe s linfócitos B encarregados à formação de auto-anticorpos.  A estimulação dos linfócitos T acentuaria a inibição sobre os linfócitos B.

Doenças degenerativas: 

O sistema R:H  exerce  papel  importante  na  homeostase,  inclusive  dos  lípides  Dessa maneira,  tem-se  demonstrado,  em  animais,  que  o  sistema R:H  está  implicado  na  produção  e excreção  do  colesterol,  quer  endógeno  como  exógeno.  Conclui-se,  daí,  que  a
hipercolesterolemia e,  talvez, a aterosclerose dependem do perfeito  funcionamento do sistema R:H,  podendo  ser  reduzida  à  taxa  de  colesterol  sangüíneo  através  da  imunoestimulação  do sistema,  conforme  experiências  realizadas  em  ratos  na Universidade  de  Tennessee. Estamos realizando experiências em tal sentido no serviço do professor Luiz V. Decourt em São Paulo.

             Subnutrição e defesas imunitárias: A alta letalidade e os elevados índices de mortalidade por doenças infecciosas e parasitarias entre subnutridos indica uma defesa deficiente  do organismo ante esse agressor. Numerosos estudos realizados nesse campo demonstram que o mal-nutrido  apresenta  depleção  de  linfócitos  T  e  atrofia  do  sistema  linfóide,  responsável  pela deficiente  resposta  aos  patógeno.  Os  linfócitos  B  sofrem,  indiretamente,  essa  depleção  de linfócitos T, não havendo, todavia, no mal-nutrido, maiores repercussões na imunidade mediada por anticorpos.
 
            Deve-se acrescer que, no mal-nutrido, ocorre uma elevação do cortisol plasmático,  fator imunodepressor  que  agrava  a  deficiência  imunitária  decorrente  da  depleção  de  linfócitos  T.
Também vários patógenos são conhecidos como imunodepressores, como o plasmódio da malária, os vírus da rubéola e do sarampo, o vírus E.B. do linfoma de Burkitt e o bacilo da lepra.
Acreditamos que a imunização em massa pelo BCG intradérmico ou percutâneo, em populações de mal-nutridos,  irá, certamente, melhorar o estado  imunitário e as defesas  inespecífica desses indivíduos,  de  modo  a  baixar  os  índices  de  morbidade  e  letalidade  para  inúmeras  doenças infecciosas, parasitárias e, inclusive, neplásicas. 

             Estado psíquico e defesas imunológicas:  Os  prolongados  períodos  de  depressão psíquica  assim  como   Stress  contínuo  da  vida  moderna  atuam,  através  de  liberação  de substâncias  imunodepressoras  (ex.  cortisol),  no  sistema  de   defesa  imunológica,  diminuindo-a em graus e períodos  variáveis. Corrigida a causa primária, o indivíduo é  considerado  fora do estado  de  “grande  risco”.  Enquanto perdurarem os fatores imunodepressores de origem psíquica, o indivíduo poderá contrair mais facilmente uma das inúmeras doenças de que fizemos menção, o que aconselha uma imunoestimulação  inespecífica  enquanto  se   aguarda  pelos resultados da terapia psiquiátrica para debelar a causa psíquica primaria.

              Idade e sistema imunitário: Com o envelhecimento, mais nitidamente após os 5 anos, ocorrem uma depleção de  linfócitos T, enquanto, concomitantemente, se observa  um aumento   8 de  linfócitos B no sangue periférico. Tal  fenômeno seria  responsável pelo aumento de doenças auto-imunes  na  velhice  aumento  dos  anticorpos  auto-imunes  secretados  pelos  linfócitos B). A depleção de linfócitos T explicaria o aumento de incidência de neoplasia e doenças degenerativas.  

Gravidez e imunidade: 

Na gravidez ocorre  o  chamado  ”silêncio  imunológico  dos  vivíparos”  condição  esta indispensável para que não ocorra a rejeição do feto (abortamento). É fat conhecido, e de longa observação, que a gestante, em conseqüência  dessa imunodepressão  fisiológica  ,  apresenta evolução  desfavorável  das  neoplasias,  tuberculose,  hepatite,  toxoplasmose,  poliomielite.  Em contrapartida, as gestantes  que  padecem  de  doenças  em  que  a  imunodepressão  é  desejável apresentam uma melhora do quadro clínico durante a gestação.

              É ainda um campo aberto à pesquisa o “silêncio imunológico  dos  vivíparos”.  No momento, apenas podemos proteger melhor a gestante contra doenças em que é suscetível, ou mais vulnerável, de acordo com as circunstâncias epidemiológicas do seu c-ambiente.

Ricardo Veronesi  é  professor  de  Doenças  Infecciosas  e  Parasitárias  da  Faculdade  de Medicina  da  Universidade  de  São  Paulo,  da  Faculdade  de Medicina  de  Jundiaí  e  da Faculdade de Ciências Médicas de  Santos; membro  do Comitê  de  peritos  em  doenças bacterianas  da  Organização  Mundial  de  Saúde; presidente  do  comitê  de  doenças infecciosas  da  Panamerican  Medical  Association;  Chairman  do  Comitê  Latino-
Americano de Medicina  Tropical  da  Associação Médica  Panamericana;  Consultor  da Academia  de  Ciências  dos  Estados  Unidos;  e  editor-coordenador  do  livro  Veronesi 
Doenças Infecciosas e Parasitárias.


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